Queres ter o teu próprio negócio e não depender do teu chefe? Tens uma ideia que queres pôr em prática? Consegues imaginar o teu futuro, com aquele projeto com que tens vindo a sonhar? Acreditas piamente na tua ideia e mal podes esperar para que seja real?
Se procuras o melhor caminho para levar a tua ideia a bom porto, este artigo não é para ti. Hoje, falo-te dos caminhos sem saída, das areias movediças e das miragens enganadoras que vais encontrar no teu percurso e de como, se as seguires, é certo que não vais concretizar a tua ideia.
Um dos principais caminhos que te vais ver tentado a seguir é o de te precipitares para tudo o que é prático, rápido de resolver e aparentemente urgente.
Já tens um logotipo? Um site? Uma app? Já alugaste um espaço? Encomendaste os flyers? Boa! Estás muito adiantado! A tua ideia já deu os primeiros passos para se espalhar ao comprido. A menos que… tenhas começado por fazer o trabalho conceptual necessário para lhe dar estrutura e sustentação.
As ideias, são como as crianças, não podem começar logo a andar, sem antes terem passado o tempo necessário a ganhar força nos músculos, equilíbrio e sentido de direção.
Como é que a tua ideia vai ajudar a mudar o mundo? Para mudares o mundo não tens de ter uma ideia megalómana, podes mudar o mundo de uma pessoa, podes melhorar a experiência de um nicho da população, podes tornar algo mais fácil de fazer. Há muitas maneiras de mudar o mundo, um bocadinho de cada vez.
Qual é a tua missão? Como é que isso distingue a tua ideia do resto das ideias que andam por aí? Quem é que a tua ideia vai ajudar? Como é que vai acrescentar valor a essas pessoas?
Antes de tudo isso, a tua ideia é certa para ti? Encaixa com os teus valores e com o que queres para a tua vida? Queres liberdade de horários e poder viajar quando quiseres? Estás a pensar abrir aquele restaurante com que sempre sonhaste? Então a tua ideia poderá não ser compatível com a vida que queres. Imagina a tua vida de sonho daqui a 5 anos e vê como é que a tua ideia se encaixa lá.
Falando nos próximos anos, estás desejoso de te despedir e começar o teu próprio negócio? Poupaste o suficiente para pagar a renda, as contas e a comida nos próximos 6 meses? Fantástico! Ainda assim, vais acabar por desistir da tua ideia antes de conseguires que tenha sucesso.
Rapidamente vais descobrir que 6 meses passam a correr, especialmente se, ficares em casa a trabalhar sozinho, sem horários. Mesmo que consigas resistir às armadilhas dos vídeos do Youtube, das stories do Instagram e do feed do Facebook e às amarras das tarefas domésticas, mesmo que consigas impor-te um horário que garanta que trabalhas entre 7h e 12h por dia, com 1 folga semanal, os 6 meses não serão suficientes para que a tua nova ideia te consiga sustentar.
Isso vai ser especialmente verdade quando chegares ao 4º mês e começares a sentir a ansiedade de que tudo evolua mais depressa porque já só tens mais 2 meses de despesas pagas.
Para que a tua ideia chegue a ver a luz do dia, vais precisar de tempo para trabalhar a parte conceptual, para te apresentares ao mercado e para angariares clientes suficientes que te permitam sustentar-te a ti e ao negócio.
Por muito que seja um negócio digital e os custos sejam mais baixos, há sempre custos. Sem umas boas poupanças ou um emprego pelo menos em part-time, a tua ideia vai morrer de sede junto à água.
É verdade, continuas a trabalhar em casa, para poupares dinheiro, já que a tua ideia não te dá ainda verba para procurares um espaço de trabalho, certo?
É uma decisão responsável, mas que rapidamente vai engolir a tua motivação. Vais ficar com cada vez mais inércia e com menos vontade de sair. Os eventos vão-te parecer ótimas desculpas para sair e conhecer pessoas, vais inscrever-te em vários, mas no dia do evento, vai estar a chover, vais ter espirrado 3 vezes, esqueceste-te de lavar o cabelo ou já não falas com ninguém pessoalmente há 2 semanas e vais acabar por ficar em casa, enterrado um pouco mais fundo. Há sempre mais eventos, certo? Vais ao próximo.
Além disso, quando finalmente ganhaste coragem e foste àquele evento que não podias mesmo perder, ficaste calado sobre a tua ideia. Ouviste as ideias dos outros, riste-te de uma ou outra piada, até te atreveste a participar numa conversa, mas partilhar a tua ideia, não! Ainda não está pronta para ser partilhada, há muita coisa para afinar, as pessoas podem rir-se de ti e achar a tua ideia ridícula. Ou pior, podem achá-la brilhante e copiarem-na. De qualquer das maneiras, é melhor esperares até teres tudo planeado ao detalhe, polido e pronto… para falhar.
Sozinha na tua cabeça, a tua ideia não tem a oportunidade para ser testada, para ser limada pelo público, para ser confrontada com outras perspectivas e dificuldades. A tua ideia é uma flor de estufa com a mania de que é uma flor selvagem e quando se deparar com o mundo real, vai definhar, porque não teve a oportunidade de se adaptar e ganhar resistência.
Mais do que isso, a tua ideia precisa de uma rede de suporte, uma rede de pessoas que te ajudem a concretizá-la, a famosa rede de contactos, o networking. Porém, ninguém vai apoiar uma ideia ou uma pessoa que não conhece. Por isso, mesmo que fales da tua ideia a outras pessoas, precisas de tempo para construíres uma relação de confiança com elas, precisas de tempo para as ajudar com as suas ideias, para que te possam ajudar com a tua.
Ainda que te cruzes com as mesmas pessoas de vez em quando, 2 ou 3 eventos por mês não são suficientes. Mantém contacto frequente pessoalmente e por email, trabalha em ambientes propícios à troca de ideias, convida pessoas para um café; criar uma rede de contactos vai impulsionar a tua ideia. Se queres saber mais sobre como tornar o networking algo simples, lê o nosso artigo.
És super criativo e o que não te faltam são ideias, não é? E tens mais 1 ou 2 que andas mortinho por começar. Talvez uma colaboração com um amigo, assim dividem o trabalho entre os 2.
E a tua primeira ideia não está a dar os frutos que imaginaste, por isso, o melhor é diversificares as atenções, assim, se a primeira não funcionar, a nova, vai funcionar de certeza. E é assim que todas as ideias morrem, no deserto, enquanto buscas a miragem da próxima ideia.
Para ser posta em prática, uma ideia passa por várias fases e o mesmo acontece com o teu entusiasmo. Na fase inicial há excitação e tudo parece possível, contudo, à medida que avanças, é natural que encontres obstáculos maiores, que serão um teste à tua resistência, e por consequência, à da tua ideia. Por vezes, o período de ultrapassar barreiras, umas atrás das outras, é longo e perdes o foco. É muito tentador passar para a próxima ideia, quer assumas ou não ter desistido completamente da primeira. O problema é que isso vai acontecer com esta nova ideia e com a seguinte e por aí adiante até decidires que vale a pena continuar até ao fim. Tudo o que é novidade é mais interessante, mas a novidade vai esgotar-se sempre e se não encontrares a força de vontade, a criatividade e o apoio para prosseguires quando a tua ideia se mostrar difícil de pôr em prática, vais estar sempre de volta à estaca zero.
Isto não quer dizer que todas as ideias devem ser perseguidas até ao fim e que nunca deves desistir de uma ideia que não dá frutos. Por vezes, há ideias que não são tão boas como pareciam e realmente não merecem ser concretizadas, porém, essa decisão deve ser tomada após uma análise feita à viabilidade da própria ideia, sem o brilho de uma nova ideia a competir pela tua atenção. Sem que te dediques de alma e coração, mesmo que seja só 2h por dia, depois do trabalho, ou aos fins de semana, a tua ideia não vai ser nutrida o suficiente para crescer. Uma ideia mantida a meio gás, não se concretiza.
Se completaste um ou mais destes quatro passos, parabéns, adicionaste mais uma ideia ao cemitério das ideias incompletas e descartadas prematuramente.
Conheces mais formas de matar ideias? Deixa a tua resposta nos comentários.
Awesome post! Keep up the great work! 🙂