Estamos a viver uma pandemia. É a primeira vez que acontece uma pandemia na era digital. Acabou de ser decretado estado de emergência em Portugal. Tu não estavas preparado, eu não estava preparada, ninguém estava e os nossos negócios também não.
Como uma coworker dizia, existem planos de contingência nas estratégias das empresas, mas uma pandemia é aquele 0,0001% que ninguém contabiliza quando delineia uma estratégia. E ainda assim, o inacreditavelmente improvável aconteceu e temos todos de lidar com isso. Mais vale que o façamos juntos, não concordas? Por isso, neste momento de incertezas e medos, decidi partilhar convosco a minha visão sobre o assunto.
Uma das principais preocupações dos empreendedores e donos de pequenos negócios é como sobreviver à crise económica que se junta a esta pandemia. Com as pessoas fechadas em casa por tempo indeterminado, receosas do futuro, quer os negócios físicos, quer os digitais estão em risco, porque as pessoas estão focadas no problema, e não deixam espaço mental para pensar noutras coisas, para consumir outros conteúdos.
Mas isso, acredito, vai passar ainda mais depressa do que a quarentena. Passada uma ou duas semanas de ajuste inicial, vai deixar de ser novidade e, quem ainda não começou, vai começar a procurar coisas produtivas para fazer.
Honestamente, não acho que haja soluções rápidas. Os apoios do governo ajudam, mas as linhas de crédito, por exemplo, são apenas para negócios já rentáveis, ou seja, para quem já estava com dificuldades em sobreviver, não há. Reavaliar todo o negócio e pensar como podemos servir as pessoas à distância, é uma boa estratégia, mas que não vai trazer frutos imediatos, muito menos numa altura em que as empresas que já têm um nome estabelecido online estão a oferecer gratuitamente os seus cursos. Não quer dizer que devas deixar esta estratégia de parte, se começares agora, vais estar preparado a médio prazo, o que é muito melhor do que se não começares de todo.
Por outro lado, acredito que esta pandemia vai passar num espaço de meses, já que está o mundo todo a sofrer os seus efeitos e à procura de uma cura e de uma vacina. E quando passar, quando for mais seguro voltar a sair de casa, as pessoas vão sair e vão querer estar juntas de novo e, mesmo que este período as tenha ensinado a consumir mais moderadamente, vão voltar aos restaurantes, salões de beleza, barbeiros e ginásios. Provavelmente, muitas das que nem frequentavam aulas de grupo ou espaços de cowork, vão desejar fazê-lo, porque a necessidade do ser humano de contacto físico não vai desaparecer, só vai crescer.
Por isso, o melhor que podes fazer agora pelo teu negócio é pensares como podes ajudar os teus clientes, o que lhes podes ensinar a fazer, de que tipo de apoio é que precisam? Dependendo do teu negócio, pode ser entretenimento, diversão, treinos, aprendizagens, partilha de experiências, enfim, há mil maneiras de ajudar. Melhor ainda do que pensares como os podes ajudar, será, como disseram as nossas coworkers Vitória Schefer e Beatriz Maya, numa live estes dias, perguntares-lhes.
Podes não conseguir grandes rendimentos imediatos com isso, mas estás a fazer o teu papel como cidadão e vais permanecer na mente dos teus clientes, podes até estreitar os relacionamentos que tens com eles, e isso vai fazer que, quando a quarentena acabar, sejas o primeiro sítio onde eles querem ir e levar os amigos. Porque fizeste a diferença.
Como disse antes, não é uma solução imediata, não te vai ajudar a pagar as contas deste mês e talvez também não as do próximo, mas vai-te ajudar a sobreviver e a sair mais forte do outro lado desta crise.
Outro fator fundamental a ter em conta são as tuas expectativas em relação ao que consegues fazer a partir de casa, especialmente, se, como eu, tens filhos pequenos. Sejamos sinceros, se antes mal davas conta de todo o trabalho que tinhas para fazer e deixavas as crianças na escola 5 a 8 horas por dia, tinhas alguém que te limpava a casa e talvez até fazia algumas das refeições, e deixavas a roupa na lavandaria, não podes esperar o mesmo nível de produtividade quando todas ou pelo menos uma parte dessas tarefas vai recair sobre ti. Simplesmente não é realista, e tentares que seja, só te vai enlouquecer a ti e à tua família. Este é o momento de estabelecer prioridades como nunca antes foi preciso. Sê honesto contigo mesmo, quantas horas vais conseguir trabalhar: 2 horas, 3, 5 no máximo? O que é que tem MESMO de ser feito hoje? Define UM objetivo principal. Sim, só um. E cumpre-o. Não tentes fazer tudo, só te vais irritar, frustrar e tratar pior os que te rodeiam. Todos estão a passar pelo mesmo, todos desejariam ter mais tempo separados para fazer outras coisas, mas por enquanto não é possível. É temporário, vai passar. Por agora, um objetivo por dia.
Espero ter-te ajudado de alguma forma. Partilha nos comentários a tua sugestão para que um negócio local sobreviva a esta crise.